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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

PRETTY SOLDIER SAILOR MOON (2003)

 


Muita gente fala sobre o Live-Action de One Piece da Netflix, tida como uma das melhores adaptações de um mangá/anime já feitas. Mas a 20 anos, tivemos no Japão aquela que é verdadeiramente o melhor Live-Action baseado em um mangá/anime: Pretty Soldier Sailor Moon.


PRODUÇÃO : Toei Company
DATA DE EXIBIÇÃO: 08/10/2003 - 25/09/2004
EPISÓDIOS: 49 para TV + 2 especiais em DVD + Um Concerto


Com sua produção aprovada graças ao sucesso dos musicais de Sailor Moon, o seriado reconta a sua maneira o primeiro arco do mangá, "Dark Kingdom"- que inicialmente foi planejado pela autora para ser o único - e como toda adaptação, apresenta adaptações condizentes com a sua época de adaptação, como o Fliperama Clown, que era o ponto de encontro e quartel general das Sailors, se tornou um karaokê. Mas a produção não se limitou a apenas recriar a mesma estória, criando eventos novos que mostram mais do lado humano das heroínas, e muito mais aprofundadas que no anime, além de criar novos personagens e modificar os antigos, sem se desviar do storyteling principal.

Após o fim da série, foram lançados quatro especiais para Home Video: Special Act, que narra o casamento de Usagi & Mamoru, além do retorno de Mio como a nova rainha do Dark Kingdom; Act Zero, que mostra a origem de Sailor V, além de dois mini episódios; Super Dance Lesson, que nada mais é do que uma aula de dança com as personagens; e por fim, o show musical Kirari Super Live.



Criadora e Criatura



Diferente do que aconteceu com o anime clássico de 1992-1997, a criadora da obra, Naoko Takeuchi, teve envolvimento total na produção, o que é muito importante para uma adaptação, pois somente ele pode apontar o que pode e o que não pode ser realizado, tanto que foi esse o motivo do sucesso da série do já mencionado One Piece. Por ser fã de Tokusatsus, principalmente de Himitsu Sentai Gorenger, Naoko sempre sonhou em ver suas heroínas em carne e osso na TV, mas não conseguiu nos anos 90 a favor da popularização dos animes, onde teve muito de suas ideias ignoradas pelos produtores para obter sucesso comercial, o que por um lado ajudou a acimentar o sucesso da série animada, por outro transformou-a em uma outra coisa, com estórias e acontecimentos alterados, além das caracteristicas de suas personagens (principalmente a Rei Hino/Sailor Mars), sem falar que a violência e drama no mangá tiveram que ser amenizados por causa da audiência jovem.

Um sonho realizado, diga-se de passagem.

Naoko Takeuchi com os Zyurangers (série Sentai que deu origem aos Power Rangers),
de 1992, ano de estreia do anime


O enredo, como já dio, se baseia na 1º saga do mangá, mas vai tomando rumos diferentes do anime, com eventos e a inclusão de personagens próprios, e a maior delas foi sem duvida a Dark Sailor Mercury.

Dark Sailor Mercury

Devido ao fato de ser a personagem mais popular no Japão, nossa garota gênio favorita recebeu uma versão maligna em um arco que se estende dos episódios 22 a 28.


Sailor Luna
(Você nem imagina quem ela é)



E também não podemos esquecer da divertida Sailor Luna, intrepretada pela atriz Rina Koike, que com certeza foi pra preencher a ausência da Sailor Chibi Moon.

Além delas, surge no elenco a vilã Mio Kuroki, interpretada pela atriz Alisa Durbrow, criada exclusivamente para a série para atormentar a vida das heroinas.


Princesa Sailor Moon

É aqui que Usagi ganha sua forma mais poderosa: Princesa Sailor Moon, que é a união de seus poderes com sua encarnação completa em Princesa Serenity, com seu visual desenhado pela própria Takeuchi. 





As cinco guerreiras estão muito bem representadas, mantendo suas caracteristicas principais e aprofundando-as ainda mais, mostrando seu lado mais humano, com suas alegrias, medos e tristezas...com exceção talvez da Sailor Vênus, que está muito mais séria que no mangá/anime, se aproximando mais das Outer Sailors (Uranus/Neptune/Pluto), além de ganhar o arco mais triste do enredo. A série traz a genial idéia de manter as meninas em seus cabelos naturais e na hora da transformação, usar os seus icônicos penteados. Por fim, merecido mérito as atrizes Miyuu Sawai (Usagi/Sailor Moon), Rika Izumi (Ami/Sailor Mercury), Keiko Kitagawa (Rei/Sailor Mars), Mew Azama (Makoto/Sailor Jupiter) e Ayaka Komatsu (Minako/Sailor Vênus).

As forças do mal também não ficam atrás. Os Quatro Generais - Jedite, Nephrite, Zoisite e Kunzite - não se limitam a ser apenas meros capangas, cada um tem seu próprio arco e personalidade, chegando a disputarem entre si e até desconfiarem de sua comandante, lembrando-me o Império Vyram da série Chojin Sentai Jetman, onde havia muitas rixas e conspirações entre os vilões. e inspirado em suas versões no mangá, eles tem um passado com o Principe Endymion. Destaque para o ator Akira Kubodera (1977-2020), interpretando de forma brilhante Kunzite. Quem merece os parabéns por sua interpretação é Aya Sugimoto, fazendo de forma imperiosa a Rainha Beryl, que inclusive tem uma espécie de redenção em seu final.

Quanto aos coadjuvantes, os que mais foram alterados foram Motoki (Masaya Kikawada) que de um bonitão genérico que trabalhava no fliperama ( e que foi a primeira paixão da Usagi) virou um maluco por tartarugas, inclusive tendo um mascote, Kamakichi. Mas quem brilha mesmo é Ikuko Tsukino,que virou uma mãe doidona nas mãos da excelente atriz e cantora Kaori Morikawa.

Por fim, não posso esquecer do eterno amor de nossa Princesa da Lua: Mamoru Chiba/Tuxedo Mask, interpretado por Jouji Shibue, que um ano após o fim da série, interpretou Ibuki na série Kamen Rider Hibiki.


Sailor Moon e Tuxedo Mask

Mesmo com um visivel orçamento baixo comparado as séries Sentai/Kamen Rider da época, o visual de PGSM é bem caprichado, reproduzindo fielmente os uniformes das guerreiras e seus apetrechos, que nesta versão ganharam celulares para se transformar. Digno de nota também são os figurinos de Tuxedo Mask e Rainha Beryl, fieis a medida do possivel; e dos Quatro Generais, que sairam totalmente diferentes de suas versões anteriores, agora com cada um de uma cor diferente. os monstros são bem mais próximos aos de outros tokusatsus, com bastante variações, diferente das "beldades" que apareciam no anime dos anos 90. Mas o mais maluco foi terem a ideia de representar os famosos gatos Luna e Artemis como bichinhos de pelúcia (?!!), uma vez que ficaria muito dificil contracenar com animais reais, e por isso, fizeram vários bonecos com expressões diferentes, mas pelo menos tivemos a volta de Keiko Han  (dubladora da Luna no anime clássico, e que também foi a voz da Saori Kido/Atena em Saint Seiya/Cavaleiros do Zodiaco) e o popular Kappei Yamaguchi (Usopp em One Piece, Ranma Saotome em Ranma 1/2 e Inuyasha na série homônima) dublando Artemis, substituindo Yasuhiro Takato.

Enfim, falemos do ponto forte deste Tokusatsu: a trilha sonora.

Um dos muitos Cds da série lançados



A trilha foi composta por Michiru Oshima, que já trabalhou nos filmes de Godzilla nos anos 2000 além de muitos animes e games, e conseguiu realizar melodias que nunca mais sairam da sua cabeça. Vários Cds relacionados a série foram lançados, como os singles de cada uma das Sailors, além de um do programa de rádio DJ Moon, criado para promover a série, e por fim , um álbum próprio da Minako Aino/Sailor Vênus com as músicas da personagem, incluindo a popular C´est La Vie, cujo titulo é um trocadilho com sua primeira identidade secreta, Sailor V, a heroina do mangá que começou toda a franquia.


Mamoru & Usagi
"É possivel mudar o destino"?


Como alguém que assistiu a série, posso dizer que PGSM é uma adaptação superior ao anime de 1992 e até mesmo ao remake Sailor Moon Cristal/Eternal/Cosmos. Muito mais importante do que reproduzir fielmente a obra original, uma adaptação deve dar ao público uma emoção superior a original. Quando os personagens saem do papel para o mundo real, eles devem ganhar emoção e sentimentos, pois eles também são humanos, como nós, mesmo que seja uma interpretação. Por que os filmes de superheróis foram campeões de bilheteria nos últimos 20 anos? Porque nos fizeram torcer pelos personagens, e a se importar com eles. Quando você assistir a série, vai ter a mesma sensação: vai se encantar com o romance de Usagi & Mamoru, torcer pelas Sailors em suas batalhas externas e internas, ter ódio ou empatia pelos vilões, e rir com as caretas da Ikuko.

As cinco Sailors não se limitam a lutar contra o mal, pois seu maior inimigo esta dentro delas. No inicio, quando elas se reúnem, não estão unidas, presas em seus próprios mundos, como os planetas ao redor de nossa Terra. A verdadeira jornada delas, mais do que despertar seus poderes, é se libertar de sua solidão, suas dores e dúvidas que orbitam suas almas. E quando finalmente conseguem se unir por completo, brilham mais do que o Sol.

Até que a morte chega para uma delas.


E a maior defensora da Terra...se torna sua maior ameaça...e acaba por condená-la.

Por mais que as cenas de lutas pareçam mais uma aula de balé, os efeitos de CGI sejam primitivos e o Chroma Key seja risivel, é a parte humana que faz um tokusatsu brilhar. E isso vale para qualquer série de heróis japoneses, seja nova ou antiga.




 Pretty Soldier Sailor Moon é mais do que o melhor Live-Action baseado em um mangá, é um dos melhores tokusatsus já feitos. É bobo e mal-feito? Sim! Mas assim como as cinco guerreiras devem superar suas vidas passadas, você deve superar seu preconceito inicial para apreciar essa incrivel série, em nome da Lua.









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