DRAGON QUEST DAI NO DAIBOUKEN

 

Em 1989, a Shueisha encomendou para a Shonen Jump um mangá baseado no videogame mais popular da época: Dragon Quest. Com o desenhista Koji Inada e o roteirista Riku Sanjo encarregados, Dai no Daibouken ( "A Grande Aventura de Dai") foi um dos titulos mais vendidos de todos os tempos no Japão, vendendo mais de 47 milhões de cópias. Unindo isso a fama do game que o gerou, era óbvio que um anime fosse produzido.

A primeira adaptação surgiu em 1991, produzido pela Toei Animation com 46 episódios, e era um grande sucesso, mas por culpa da mudança na grade da programação da sua transmissora, a TBS, a audiência caiu e o anime foi cancelado sem nem cobrir metade da história. E foi esse anime que foi transmitido no Brasil pelo SBT nos anos 90, com o nome de Fly, o Pequeno Guerreiro.

E após 29 anos, uma nova adaptação foi produzida, e desta vez, com a história completada em 100 episódios...e é um dos melhores remakes já feitos.

Devido a importância da obra com seus 30 anos, a Toei não fez nenhum esmero na produção, com uma qualidade de animação da mais alta qualidade,e ainda assim, sendo fiel ao traço simples do mangá e do primeiro anime, e mesmo o CGI usado em poucas cenas não enfeia o anime. 

A trilha sonora, porém, é genérica, já que infelizmente não se pode mais contar com a presença de Koichi Sugiyama, compositor dos games da franquia e do primeiro anime, que faleceu em 2021. Já as musicas de abertura e encerramento se salvam, com destaque para a segunda abertura,  Bravest, de Taichi Mukai.

Quanto ao roteiro, ele é a adaptação mais fiel de um mangá, o que foi fácil, uma vez que o mesmo foi concluído a anos.

 Muito se fala sobre as censuras feitas nesta nova adaptação, como as piadas de cunho sexual, mas é compreensivel visto o horário e o público alvo destinado, para conseguir mais exito comercial. Além disso, alguns eventos foram alterados e outros apressados, como o resgate de Dai a Gomechan, que enquanto no mangá ocorre no reino de Romos, no anime se passa no navio a caminho do mesmo.

Mas vamos falar da história, que tem a qualidade e o defeito de ser...simples!!

"Dragon Quest Dai"  não é uma obra profunda ou critica como Boku no Hero Academia, com personagens "complexos" e histórias "aprofundadas e cheia de camadas". É a tipica Jornada do Herói: um menino comum sonha em se tornar um grande herói, encontra um mentor que o ensina a lutar, e junto com seus amigos, enfrenta um grande exército maligno que ameaça o mundo, com alguns de seus inímigos se tornando aliados.

Por um lado, isso deixa a história magra, que não explora o universo em que se passa, e deixa os personagens unidimensionais. por outro lado, isso evita perder tempo com histórias de origens longas e a criação excessiva de personagens que logo se tornam desnecessários. 

O maior mérito do roteirista Riku Sanjo é que ele soube dosar tudo muito bem, criando personagens simples, mas bem construídos, com caracteristicas e motivações claras, sem nem mesmo desperdiçar os coadjuvantes, dando a eles algo pra fazer, ao mesmo tempo em que explora apenas o necessário do universo da história, seja para apresentar um novo inímigo, um novo lugar para os heróis visitarem ou aprender uma nova magia ou conseguir uma nova arma; além de utilizar muito bem todos os clichês já usados em Mangá Shounen: o arco de treinamento, vilôes que viram heróis, o rival, as novas transformações, os discursos sobre amizade e justiça, etc., tudo feito quanto e quando necessário. 

Quanto a ação, ela conta com lutas empolgantes e coerentes, sem saidas fáceis ou "Deus Ex-Machina", com os personagens usando o que sua classe melhor oferece, bolando estratégias brilhantes mesclado a técnicas poderosas. Sem falar que os vilões se mostram verdadeiros pareos duros, mostrando verdadeiro poder e colocando os heróis contra a parede muitas vezes, exigindo grandes sacrificios para se alcançar a vitória.

Posso dizer que ele é um Shounen perfeito

Por fim, os elementos dos games são completamente aproveitados, com monstros, magias e classes muito bem representados, além de algmas coisas exclusivas do mangá/anime que foram transportadas pelos games que sairam depois, como as magias Draura e o Medoroa.

Como quem acompanhou o anime desde seu lançamento e leu o mangá completo, recomendo definitivamente Dragon Quest Dai no Daibouken, seja fã dos games ounão. É uma obra de aventura simples, divertida e empolgante de acompanhar, com um bom roteiro e personagens ótimos, como um bom JRPG.

Só pra deixar no clima, deixo aqui a musica de abertura do anime de 1991, cantada por Jiro Dan, o astro de O Regresso de Ultraman: